Pouquissímas pessoas sabem, mas sete anos antes do personagem Batman estrear nas páginas da revista Detective Comics, em 27 de maio de 1939, um sujeito chamado Frank Foster alegou ter criado um justiceiro mascarado muito parecido com o Homem Morcego e oferecido a ideia para editoras em Nova York.
Na década de 30, quando o mundo passava pela Grande Depressão, Frank D. Foster II era um estudante de arte em Boston.
Foster tornou-se amigo de Al Capp, que se tornou mais tarde famoso pela a tira “Li’l Abner”. Capp estava interessado em tiras de jornal e em gibis, e sugeriu que trabalhassem juntos desenvolvendo alguns personagens de quadrinhos.
Foster contou estes fatos em uma entrevista de 1975, com um advogado de Boston: “… Parece-me que naqueles dias a maioria das tiras eram de heróis diurnos, tais como, voando através do céu durante o dia e fazendo ações boas e assim por diante. Daí eu pensei,: “Bem, por que não poderia ser feito à noite? Ter um herói na noite?”.Assim, comecei a trabalhar no conceito, não seriamente, com Al Capp, para desenvolver algumas idéias.“… uma destas idéias foi Batman… Em julho de 1932, tentou trabalhar com decoração, mas o negócio falhou, e em 1936 a família Foster havia crescido com o nascimento de Frank Foster III.
Em outubro Foster foi para Nova York para procurar um trabalho intermitente e de meio expediente em uma variedade de lugares, incluindo pintura de murais e desenhos para editoras. Foster tentou achar trabalho na região próxima a várias editoras de quadrinhos, incluindo uma das maiores, a DC Comics.
Em seus trabalhos, estão presentes desenhos e alguns artigos, feitos alguns anos antes da colaboração com Al Capp, que incluem diversos conceitos, inclusive, o painel de desenhos do seu “Batman”. Foster recordava-se de ter trabalhado por duas semanas desenhando para a editora de Munsey. De acordo com seu filho, lembrou também de deixar seu trabalho com várias editoras, incluindo a DC Comics para ser avaliado como uma possível publicação.
Recordou distintamente de deixar seus desenhos, e retornar ouvindo que não poderiam ser usados. Entretanto não se lembrou das datas ou os nomes exatos dos vários indivíduos que o entrevistaram.
“Eu definitivamente recordo daqueles desenhos, porque nós tivemos discussões a respeito do tempo curto que levei para desenvolver o Batman e do tempo que trabalhei nestes projetos”. Logo após uma viajem a Washington, Foster viu a revista do “Batman”. Sua esposa Ruth recorda o que disse: “Olha isso! Roubaram o Batman!”. Sem recursos financeiros para advogados ou conhecimento de como prosseguir em reclamar a autoria, nada foi feito à respeito.
Frank D. Foster morreu em 1995. Seu filho sente que embora não haja nenhuma possibilidade de uma ação legal, gostaria que seu pai deve ao menos recebesse algum reconhecimento pela sua ideia .
“Em minha cabeça houve uma tremenda injustiça, e a história deve ser corrigida. Eu sei que ele criou o Batman. É o primeiro Batman. Era lá, no mesmo lugar, Batman foi publicado ao mesmo tempo. Tem que haver uma conexão. A possibilidade de dois homens em 5.000 anos de história terem chegado ao mesmo raciocínio de um herói noturno, com o mesmo nome do Batman, ao mesmo tempo, no mesmo lugar na Terra, é zero”.
Outra curiosidade: A anotação na parte traseira do desenho de Foster do Batman mostra que ele considerou dois nomes para o personagem que criou. O alternativo era ” Night-Wing “. “Nightwing” (Asa Noturna), que todos sabem foi o nome utilizado para batizar a fase adulta de Dick Grayson, o Robin original.
Bob Kane, nascido Robert Kahn foi criador do Batman. Ele mudou seu nome legalmente para o mais familiar “Kane” aos 18 anos. Um artista habilidoso, Kane chegou ao mundo das histórias em quadrinhos em 1936, publicando sua própria revista que passaria por diversas reformulações.
Foi quando o personagem “Superman” foi criado, alavancando as vendas de revistas em quadrinhos, que Kane e o escritor Bill Finger resolveram desenvolver outro combatente do crime mascarado, o “Bat-Man” (como era escrito originalmente).
Bob Kane, entretanto, foi quem apresentou a idéia aos editores, e foi o único a ficar com os créditos pelo personagem. O homem morcego alcançou rapidamente o sucesso depois de sua primeira aparição na ediçãonúmero 27 da “Detective Comics”, garantindo o emprego de Kane na National (hoje DC Comics) por vários anos.
A maioria de suas contribuições para “Batman” foram nos anos 40, com vários outros autores o ajudando (como Jerry Robinson, que criou o “Coringa”). Entretanto, devido à política editorial, Bob Kane recebia os créditos por todas as histórias de Batman, mesmo se não tivesse contribuído em nada. Esta prática continuou até os anos 60, até que seu nome deixou de ser exibido nas revistas.
Ainda assim só nos anos 70 que outros criadores começaram a levar o crédito pelas histórias do Batman.
Nos anos 60 Bob Kane criou os personagens de desenhos animados Courageous Cat and Minute Mouse, ou O Gato Corajoso e o Rato Minuto, série com 130 episódios produzidos originariamente no período de 1960-1962.
Depois de se aposentar, Kane passou a apresentar seu trabalho em galerias de arte.
Coincidência? Plágio? Será que o Batman de Frank Foster teria conseguido ser tornar o ícone mundial que o Batman de Bob Kane e Bill Finger se tornou?