Ryan O’Neal, um dos atores mais célebres da Nova Hollywood, morreu nesta sexta-feira (0812/2023) aos 82 anos
A informação foi confirmada pelo seu filho, Patrick O’Neal, no Instagram. A causa da morte não foi divulgada, mas o artista lidava com um quadro de leucemia crônica desde 2001 e foi diagnosticado com um câncer de próstata em 2012.
“Ele sempre queria nos ver rindo, e nós todos ríamos dele, toda vez”, escreveu Patrick O’Neal. “Nós nos divertimos. Era diversão até o Sol.”
Ryan O’Neal alcançou a fama no começo dos anos 1970, quando fez o papel principal do filme “Love Story – Uma História de Amor” ao lado de Ali MacGraw. O projeto foi um dos grandes sucessos de bilheteria daquele ano e rendeu ao ator a sua única indicação ao Oscar, que perderia para George C. Scott e sua interpretação em “Patton”.
Ele voltaria a fazer o personagem em uma sequência, lançada em 1978. Mas o sucesso megalomaníaco do projeto abriu as portas para uma série de colaborações com diretores requisitados daquele momento de transformação da indústria. Naquela época, diante de uma crise sem precedentes, os estúdios de Hollywood apostavam em nomes alternativos para suas principais produções, e Ryan O’Neal se tornou um rosto desejado à geração que depois seria conhecida como a Nova Hollywood.
Um desses nomes badalados era o de Peter Bogdanovich, cineasta novo que também foi alçado ao estrelato na mesma época e com quem o ator trabalhou em três filmes. O’Neal foi o protagonista de “Essa Pequena É uma Parada”, comédia romântica de 1972 e com Barbra Streisand; “Lua de Papel”, de 1973 e no qual contracenou com a filha Tatum O’Neal; e “No Mundo do Cinema”, de 1976 e sobre os primeiros anos da indústria do cinema.
O ator ainda ficaria marcado na década de 1970 por produções como o faroeste “Os Dois Indomáveis”, de 1971 e dirigido por Blake Edwards, e “Caçador de Morte”, lançado em 1978 por Walter Hill. Além disso, trabalharia com Stanley Kubrick no épico histórico “Barry Lyndon”, de 1975, que foi produzido logo após o sucesso de “Laranja Mecânica”.
Todos esses projetos, ao lado dos resultados da popular série “Peyton Place” nos anos 1960, consagrariam O’Neal como um dos artistas principais, e mais requisitados, daquele tempo.
Depois dos anos 1970, o ator nunca mais teria o mesmo espaço de antes na indústria. Embora ele tenha colaborado com criativos importantes, como o diretor Richard Brooks, em “A Febre do Jogo”, de 1985, e o novelista Norman Mailer, que o dirigiu em “A Marca do Passado”, de 1987, O’Neal trabalhou mais com comédias de estúdio no período.
Essa sequência de projetos começou em 1982 com “Dois Tiras Meio Suspeitos”, do diretor James Burrows, e envolveu até uma participação menor em “O Céu Se Enganou”, de 1989, onde contracenou com Robert Downey Jr. Em entrevistas posteriores, o ator confessou que lamentava ter topado participar da maioria dos projetos feitos nessa época.
Após uma sequência de projetos menores e pontas nos anos 1990, o ator retornou à televisão nos anos 2000, onde obteve papéis recorrentes em séries como “Desperate Housewives” e o novo “Barrados no Baile”. Entre um trabalho e outro, suas participações recorrentes no seriado “Bones” renderam elogios do público e da imprensa, ainda que ele nunca tenha sido indicado ao Emmy pelo trabalho.
No cinema, o último papel de O’Neal foi em 2015, quando fez uma ponta no filme “Cavaleiro de Copas”, de Terrence Malick.
Nascido em 1941 em Los Angeles, Ryan O’Neal era o filho mais velho do escritor Charles O’Neal e da atriz Patricia Callaghan. Ele decidiu pela carreira de ator depois que a família se mudou nos anos 1950 para Munique, na Alemanha, onde ele entrou em contato com o seriado “Tales of the Vikings”, a atração pelo programa o levou a conseguir um trabalho de dublê na produção.
Ele foi casado duas vezes nos anos 1960 e 1970, com as atrizes Joanna Moore e Leigh Taylor-Young. Depois disso, Ryan O’Neal ficou conhecido pelo seu relacionamento com a modelo Farrah Fawcett nos anos 1980. Ele terminaram em 1997, após ela o encontrar na cama com outra atriz.
Ele teve quatro filhos durante os matrimônios, incluindo Tatum O’Neal, que se revelou artista ainda na infância e venceu o Oscar de melhor atriz coadjuvante em 1974 por “Lua de Papel”, até hoje, ela é a pessoa mais jovem a receber o prêmio, aos 10 anos de idade.
A relação dos dois era turbulenta, porém. Em seu livro de memórias, a atriz escreveu que o pai a odiou uma época por ganhar o prêmio da Academia.