“Amiguinho, gostei tanto desse pato Donald que a mãe me deu, mas posso te dar. Se você quiser algum mais da minha turma do Mickey, pega. Pode pegar duas, três ou quatro”, diz Beatriz, de 5 anos, após abrir mão do seu bichinho de pelúcia para fazer o garotinho de 4 anos voltar a sorrir.
A história é emocionante e aconteceu após o garotinho que tem autismo (TEA – Transtorno do Espectro do Autismo), perder um pato Donald de pelúcia, em Campo Grande, Mato Grosso do Sul.
O brinquedo era seu objeto de conforto (objeto de conforto é algo que não está nem dentro nem fora da pessoa com autismo, que o utiliza para ir experimentando várias situações nas quais delimita os seus próprios limites mentais em relação ao externo e ao interno, a situações de estresse emocional) e se chamava “Pokémon”, mas o menino acabou perdendo o bichinho e entrou em desespero.
“Ele não desgrudava do pato, mas na quarta passada, dormi primeiro que ele e não sei onde o brinquedo foi parar. Revirei a casa toda em busca do pato, porém, não encontrei. Ele ficou muito triste, chegou a passar mal e chorou até dormir”, conta a mãe que é pedagoga.
Ver o filho inconsolado partiu seu coração. “Quem já conviveu com autista sabe da importância de um objeto de apego. Eles entram em desespero e deixam a gente em desespero”, conta a mãe.
Ela comenta que cuidar de uma criança com autismo exige atenção especial. “E diferente porque ele precisa tomar os remédios, tem seletividade alimentar. E no ritmo dele”. “Meu filho tem que estar na casa dele, com os objetos dele. Por isso, tento ter cuidado redobrado, principalmente com os brinquedos.
Aqui é tudo separado, as miniaturas ficam num local, os brinquedos maiores em outro, pois caso ele queira eu consigo achar e dar pra ele”.
“Compartilhei no Facebook e no grupo de WhatsApp de mães, perguntando se alguém tinha um pato para doar ou vender”, lembra. O post comoveu e os amigos passaram a compartilhar, até que a notícia chegou aos ouvidos da uma carinhosa menininha e sua mãe, que preferiu se identificar apenas como G.C. Elas moram em Bela Vista e não pouparam esforços para ajudar o garotinho.
A bondade do próximo sempre faz a diferença na vida das pessoas. Comover alguém, tocar seu coração, possibilita a realização das tarefas mais árduas e difíceis se tornarem algo simples, belo e poderoso!