O Hospital Amaral Carvalho (HAC), considerado uma referência da oncologia infantil no Brasil e na América Latina, localizado em Jaú (SP), desenvolveu uma solução lúdica e criativa para diminuir a solidão de crianças isoladas no hospital para o tratamento do cancêr. A ideia surgiu dos clássicos ursinhos de pelúcia, conhecidos por fazerem companhia a todas as crianças, mas ganhou um upgrade: quando a saudade aperta, basta apertar a mão dos ursinhos e ouvir mensagens de carinho e otimismo enviadas a todo momento por familiares e amigos via WhatsApp.
Em parceria com a FOM, fabricante de travesseiros, brinquedos e almofadas com material antialérgico, foi desenvolvida essa linha de ursinhos especiais, que através de um dispositivo, recebem e armazenam notas de áudio. Cada criança tem um número exclusivo que foi passado aos familiares.
O objetivo do HAC com a iniciativa é aproximar os pequenos pacientes daqueles que eles tanto amam e ajudá-los a passar pelo período de isolamento de uma forma mais alegre e menos solitária. O projeto levou seis meses para ser desenvolvido e cerca de 30 crianças que estiveram internadas no hospital já usaram os “Elos” – assim chamados por ligarem as crianças às pessoas que mais amam.
O oncologista pediátrico Alejandro Arancibia explica os motivos de isolamento das crianças com cancêr. “Elas não podem ficar muito tempo em contato com o meio exterior porque estão com a imunidade muito baixa. Os “Elos” são uma porta de contato com quem está lá fora”. Para a chefe da pediatria do Hospital Amaral Carvalho, Drª Claudia Teresa de Oliveira, especialista em Hematologia e Oncologia Pediátrica, esse método é um mecanismo de apoio emocional importante para o bem-estar das crianças com cancêr durante o tratamento. “A criança com cancêr é afastada da sua rotina habitual. Elas sentem falta dos amigos, da escola e esse carinho faz uma enorme diferença na recuperação”, afirma.
Os ursinhos foram adaptados especialmente para comportarem o equipamento. Um dispositivo com tecnologia semelhante a um aparelho celular recebe mensagens. Caixas de som específicas foram desenhadas para funcionarem no interior dos ursinhos. Um mecanismo liga a mão dos “Elos” ao dispositivo, liberando mensagens armazenadas. As mensagens são enviadas para uma central e gerenciadas por um profissional do hospital, que as envia, então, para os ursinhos. As mensagens podem ser atualizadas a todo momento e ficam à disposição da criança para a próxima vez que decidir apertar a mão do seu ursinho para ouvi-las.