Recentemente assisti ao filme Professor Marston e as Mulheres-Maravilhas e refleti sobre o início da Mulher Maravilha e sobre como ela foi criada. Logo, resolvi escrever sobre os símbolos sufragistas escondidos em sua roupa
A personagem da Mulher Maravilha nasceu do sufrágio. Ela foi criada por William Marston, um homem que era ferozmente pró ao movimento feminista (gostava e admirava tanto as mulheres que teve duas esposas ao mesmo tempo).
Marston lutou pelo sufrágio feminino (campanhas realizadas a partir de meados do século XIX para garantir às mulheres da Inglaterra e dos Estados Unidos algo então inédito para elas: o sufrágio, direito de votar em eleições políticas), enquanto estudava em Harvard.
Se formou em 1915, e embora a estréia de Wonder Woman em All Star Comics # 8 tenha chegado 11 anos após a aprovação da 19ª Emenda, ele se inspirou em famosas sufragistas ao criar o personagem.
Marston inseriu vários tópicos secretos em seus romances gráficos para criar um laço entre a Mulher Maravilha e o feminismo.
Muitos desses tópicos são habilmente escondidos na colcha de retalhos do traje da Mulher Maravilha. Enquanto você lê, você não percebe apenas seu traje, mas também suas origens, porque a Mulher Maravilha não nasceu! Não houve nenhum homem envolvido em sua criação ela foi esculpida no barro por sua mãe, Hipolyta.
De suas botas até sua tiara, de seu laço até os tecidos do seu uniforme, ela permanecerá um ícone do que o feminismo é e sempre foi, uma voz feminina em um tribunal, uma fila de manifestantes algemados, um grito pelo direito de se auto regulamentar.
Uma heroína feminina, é a forma favorita para descrever a Mulher Maravilha, este personagem aclamada, que chegou enquanto o mundo estava à beira de um novo começo.
Aqui estão alguns dos aspectos mais feministas do traje da Mulher Maravilha:
1- Quem a desenhou e ajudou a definir sua imagem na Era de Ouro da Dc foi uma um quadrinhista que costumava desenhar personagens femininos.
Um colega pró movimento feminista e graduado em Harvard, o ilustrador Harry G. Peter, mais conhecido por suas ilustrações na revista Judge, onde ele frequentemente desenhava “a mulher moderna” da época.
Marston explicou sua visão e solicitou um rascunho de sua heroína em traje completo. O resultado final é retratado acima, a única coisa que Marston pediu para trocar foi os sapatos, que foram substituídos por sandálias, simbolizando a batalha por igualdade.
2 – Seus braceletes são bem mais que adornos
Nos quadrinhos, se você ler sobre a Mulher Maravilha, você rapidamente descobre que ela já foi uma escrava e que seu povo (uma sociedade composta inteiramente de mulheres, a propósito) e se libertou.
Isso leva não apenas a Mulher Maravilha, mas todo o seu clã, para longe das donzelas em aflição, representação de mulheres que a mídia estava acostumada a ver nos anos 40.
Apesar do fato da Mulher-Maravilha ser livre, os braceletes de seu tempo de escravidão permaneciam em suas mãos, agora livres e servindo como armas contra seus rivais, muitos dos quais eram homens e anti-feministas.
Os próprios braceletes foram inspiradas por Olive Byrne, uma das parceira de William Marston. As imagens de Mulher Maravilha acorrentada, das quais existem muitas, são na verdade, um sinal de uma sufragista inovadora.
Durante um protesto pelo sufrágio feminino em 1903, Emmeline Pankhurst e muitas outras mulheres se acorrentaram nas ruas, recusando-se a ceder até que suas vozes fossem ouvidas. Mais tarde, de uma faculdade, Marston iria ouvir essa história e encontrar Pankhurst e suas lutas pela liberdade inspiradoras o suficiente para serem escritas na fantasia feminista de sua heroína favorita.
3- A cor vermelha é historicamente associada à revolução feminina
Mulher Maravilha foi adornada com estrelas e listras da bandeira americana afim de ir cabeça a cabeça com o Capitão América, pelo menos em termos de popularidade e vendas de histórias em quadrinhos.
Note, no entanto, que suas botas, maravilhas encadernadas em couro tão apertadas, têm que ser puxadas, tornando-as mais parecidas com meias do que com botas, tornando a fantasia dominada pela cor vermelha. Na época, o vermelho era a cor da esquerda liberal, das sufragistas o grupo que estava empenhado em abrir novos caminhos para as mulheres.
4 – O nome de Mulher Maravilha significa bem mais que apenas uma personagem
O movimento feminista começou em 1800, mas realmente ganhou força quando a Segunda Guerra Mundial colocou as mulheres no mercado de trabalho em grandes números. Pode não ter sido intencional, mas a época foi a ideal. Milhares de mulheres recém-empregadas olhavam para a Mulher Maravilha e viam um reflexo da época e do seu lugar nela: era a Segunda Guerra Mundial, e elas eram mulheres trabalhando. A Mulher Maravilha apareceu quando os trabalhadores do sexo feminino estavam procurando por alguém em quem se espelhar e este alguém estava nos quadrinhos.
5- A Águia Dourada é um símbolo sutil para as Guerreiras
A águia de ouro é um símbolo secreta ligado ao feminismo escondido no traje de mulher-maravilha
É bem claro que os criadores da Mulher Maravilha tinham uma queda por princesas guerreiras. A heroína que eles criaram é uma princesa amazônica, afinal.
Um fato menos conhecido é que ela está usando o símbolo da mulher guerreira bem em cima de seu bustiê assustadoramente vermelho.
6 – A inspiração não veio apenas das Amazonas, veio de guerreiras reais.
A Águia Dourada era a ave dos nômades das estepes, uma tripulação de guerreiros masculinos e femininos que simplesmente vagavam pela terra em vez de se estabelecer em qualquer território reivindicado. Suas vidas estavam centradas principalmente no arco e flecha e as mulheres de sua tribo eram ferozes guerreiras. Estima-se que esse grupo tenha existido de 700 aC até cerca de 300 EC, quando eles parecem ter acabado por se transformar em diferentes tribos. Seu pássaro simbólico, a Águia Dourada, ainda representa mulheres guerreiras.
7 – Sua forma sarada foi projetada para se diferenciar das outras garotas nos quadrinhos
A Mulher Maravilha é inegavelmente musculosa, e quando você joga o laço e as pulseiras, é fácil ver como algumas pessoas podem ter tido uma impressão errada sobre ela. Na verdade, pelo menos de acordo com seu passado original, a Mulher Maravilha nunca nasceu e nenhum homem estava envolvido em sua criação. Sua perfeição não é para o prazer masculino. De fato, de onde ela vem, o prazer masculino é completamente inédito. A mãe da mulher-maravilha, Hipolyta, cujo nome vem diretamente da mitologia grega, a esculpe do barro sem nem mesmo a presença de um homem na ilha.
Se você é um leitor ávido dos quadrinhos, você deve ter notado que a parte de baixo da Mulher-Maravilha muda ainda mais do que os sapatos dela. Em alguns dos quadrinhos anteriores, ela pode ser vista com uma saia ou, às vezes, um short apertado (recentemente até de calça). Este traçado em particular dos shorts, no entanto, é provavelmente o mais famoso dela. É um fundo de estilo Pin up.
Garotas Pinup já existiam muito antes da criação da Mulher Maravilha, mas seus corpos eram corpulentos e não marombados.
As garotas de Varga dos anos 40, esboçadas nas páginas da Esquire, foram as primeiras a literalmente quebrar o molde. Essa nova marca de pinup ainda estava semi nua, mas suas feições eram únicas e suas palavras também. As meninas da Esquire eram pessoas cheias de sarcasmo e comentários atrevidos de uma linha, que frequentemente legendavam suas fotos. Eles incorporaram o movimento que era feminismo na época. Naturalmente, Marston criou o corte mais infame do traje de sua heroína depois inspirado neles. È a Mulher Maravilha Pin Up é um símbolo da luta feminista até Hoje. “We Can Do It”
8 – Seu laço deu às mulheres uma voz e um lugar na sala do tribunal
Numa altura em que as mulheres estavam indo aos extremos para tentar obter leis aprovadas e ser levado a sério nos tribunais, a Mulher Maravilha estava ocupando um lugar como testemunha chave por causa de seu laço de ouro. Este laço foi equipado com um poder especial, fazendo as pessoas dizerem a verdade. Isso, sem dúvida, está relacionado ao fato de que o criador da Mulher Maravilha também inventou o detector de mentiras.
Em uma tira de revista do jornal da Mulher Maravilha de 1945, Diana Prince tira a verdade de uma testemunha chave em um tribunal. Seu laço de verdade possuía um poder tão grande que o juiz não teve escolha a não ser levá-la a sério. Ele até a convidou de volta algumas vezes.
Está aí porque a Mulher Maravilha, que já foi sufragista, personifica até Hoje o ideal de Feminismo!!!
Texto da colunista Lorena Soeiro, nerd, professora e tradutora de língua inglesa, cosplayer, roqueira, leitora de ficção, apaixonada por séries e documentários, cinéfila. colecionadora e louca por Tim Burton.
@lorenasoeiro