“Friends” foi exibida de 22 de Setembro de 1994 a 6 de maio de 2004, pela NBC nos EUA e pelo canal Warner no Brasil (hoje é encontrada também na Netflix) e desde o seu início foi um sucesso de crítica e, sobretudo, de audiência. O que surpreende é que, mesmo após 14 anos da exibição do seu “serie finale”, a sitcom permanece com uma audiência sólida que não cansa de assistir as várias reprises.
A série não tem um formado inovador, muito pelo contrário, é um estilo de sitcom bem comum nos EUA. Exatamente, “Friends” não tem nada de inovador, seu formato é bem manjado entre as séries americanas com um grupo de amigos que se encontram geralmente no mesmo local, que é onde a maioria das situações engraçadas acontecem, nesse tipo de série podemos citar “Seinfeld”, “Cheers”, “That 70’s Show”, “How I Met Your Mother”, “The Big Bang Theory”, entre várias outras que ficaram pelo caminho, canceladas ou encerradas. Talvez o que diferencie “Friends” dessas citadas é que os personagens dela tem um perfil mais próximo do público. Deixe-me explicar, no começo os amigos têm entre 25 e 28 anos, todos em começo de carreira, enfrentando os dilemas do início da fase, de fato adulta (não biologicamente, em termos de maturidade). Já “Seinfeld” e “Cheers” já tem os seus protagonistas com idades acima dos 35 anos, já é uma fatia menor do público, “That 70’s Show” é o contrário, os personagens principais têm entre 16 e 18 anos, oque já faz com que o público seja outro, em “The Big Bang Theory”, apesar das idades regularem com os seis amigos, a maioria deles é nerd, o que muda novamente o público-alvo para um nicho mais geek. Das citadas, somente “How I Met Your Mother” tem o perfil igual ao de “Friends”, o que, inclusive, gera uma eterna treta entre os fãs se “Friends” é melhor ou se “HIMYM” que é, o que no fim das contas é uma bobagem, ambas são excelentes. Vale ressaltar que não estou aferindo aqui se “Friends” é melhor ou pior que as séries citadas.
Outro ponto que poderia explicar o sucesso longevo da série seria a química entre os atores. Você pode até dizer que nas outras séries também tem uma química muito boa entre o elenco mas a de “Friends” é diferente em tudo, inclusive o salário pago para cada membro do elenco era exatamente o mesmo. Tem até um folclore que se conta que no começo da 1ª temporada, Jennifer Aniston (Rachel) e David Schwimmer (Ross) recebiam um pouco mais que os colegas de elenco por serem, até então, mais famosos que os demais mas ao tomarem conhecimento dessa diferença, teriam procurado a emissora para igualar os salários dos colegas ou eles cairiam fora da série, se é verdade, não sabemos. O que se tem, de fato confirmado pelos roteiristas, é que boa parte das situações engraçadas que aconteceram no decorrer dos episódios, é fruto de improvisos entre os atores, no famoso “toma lá, dá cá”, mas são muitos improvisos mesmo, tem grandes sequências de diálogos que os atores simplesmente inventaram no momento da gravação. Os atores eram e ainda são, de fato, amigos, comiam juntos, iam para baladas juntos, estavam sempre juntos, inclusive fora do set de gravação. Isso pode parecer besteira mas não é, esses laços mais fortes e o fato deles se conhecerem fora das gravações ajuda em cena, sobretudo na hora dos improvisos.
Alguns haters creditam o sucesso longevo da série ao efeito manada. Pode ter um fundo de verdade nisso, eu não concordo muito, apesar que é inegável que o fato de diversas celebridades declararem-se fãs de “Friends”, faz com que muita gente assista à sitcom por ver o seu ídolo a indicando, até que ponto isso influenciou para que ela fosse cultuada até hoje, não sabemos. O fato é que até a Netflix se rendeu à legião de fãs da série, quando muitas produções da Warner saíram do catálogo de serviço de streaming após o final do contrato entre ambas, houve um movimento muito forte por parte dos fãs para que a plataforma mantivesse “Friends” em seu catálogo, o que fez com que ela negociasse a série a parte com a “casa do Pernalonga” para manter a produção do seu menu, movimento esse que não ocorreu, por exemplo, quando “How I Met Your Mother” saiu da Netflix.
Ilações à parte, o certo é que “Friends” inegavelmente é um fenômeno e já tem seu nome escrito na cultura pop, impossível você ver a moldura amarela e não associar diretamente à série, ou ouvir “How you doin’?” e não lembrar do lendário Joey com as suas cantadas. Talvez seja até melhor não tentarmos entender o motivo do fenômeno “Friends”, gastemos esse tempo para maratonar a série, coisa que eu faço constantemente.