Morre o maior crítico de cinema do Brasil, Rubens Ewald Filho

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O crítico de cinema Rubens Ewald Filho morreu nesta quarta-feira, 19/06/2019, aos 74 anos.

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Ele estava internado no Hospital Samaritano, em Higienópolis, região central de São Paulo, desde maio, quando sofreu um desmaio num shopping da capital e caiu na escada rolante. 

Dono de uma memória prodigiosa , ele impressionou milhões de telespectadores, ano após ano, durante a transmissão da cerimônia do Oscar , quando enfileirava os nomes de uma infinidade de artistas ligados ao cinema, bem como seus vastos currículos.

A projeção alcançada por Rubens se deve ao seu perfil comunicativo e ao trânsito por diversas mídias, jornais, rádios, emissoras de televisão.

Vale lembrar que registrou seu extenso conhecimento em muitos livros, popularizados como sólidas fontes de consulta, a exemplo de “Os 100 melhores filmes do século 20”, “Os 100 maiores cineastas” e, principalmente, “Dicionário de cineastas”.

A versatilidade de Rubens fica comprovada na variedade de funções que exerceu ao longo do tempo. Na crítica, terreno em que obteve maior repercussão, escreveu sobre os lançamentos em salas de cinema e também em vídeo, DVD e TV.

Levou seu patrimônio cinematográfico para a Globo, Cultura e o mundo da TV por assinatura (HBO, Telecine, TNT). Esteve à frente de alguns dos mais relevantes festivais de cinema do Brasil, como consultor do Projeto Paulínia Magia do Cinema / Polo de Cinema e curador dos festivais de Gramado e Paulínia.

Ator em ‘Amor, estranho amor’

Parece bastante, mas ele fez bem mais.

Acumulou experiência em outros setores. Dirigiu montagens teatrais – como “Hamlet-Gasshô”, apropriação da peça de William Shakespeare, “Querido mundo”, de Miguel Falabella, e “O amante de Lady Chatterley”, de D.H. Lawrence. Trabalhou, raramente, como ator – em “Amor, estranho amor” (1982), de Walter Hugo Khouri.

Escreveu roteiros de dois filmes: “A árvore dos sexos” (1977), em parceria com Carlos Alberto Soffredini, Eugênia de Domênico e Mauricio Rittner; e “Elas são do baralho” (1977), com Roberto Silveira e Adriano Stuart, dirigidos por Silvio de Abreu. Com ele, aliás, assinou a novela “Éramos seis”,  adaptação do livro de Maria José Dupré, exibida no SBT.

Colaborou, de maneira significativa, para a preservação da memória ao assumir a coordenação geral da Coleção Aplauso , composta por biografias de atores e diretores e publicações de roteiros.

Nascido em Santos, em 1945, Rubens não demorou a se interessar por cinema. Duas revistas o sensibilizaram particularmente: “Filmelândia” e “Cinelândia”. Desde os 11 anos, anotou em cadernos cada filme que viu, escrevendo os títulos e as informações básicas. Transitou por áreas distintas —  Administração e Direito —, enfrentando, em casa, a oposição a seu desejo de trabalhar com cinema, profissão, contudo, que terminou ajudando no sustento familiar.

Seja como for, o cinema se manteve em primeiro plano. Foi seduzido pelas produções a que assistiu na juventude, considerando as décadas de 1950 e 1960 como as mais promissoras. Recebeu influência de críticos como Moniz Vianna, Sérgio Augusto e, posteriormente, Rubem Biáfora.

Além do Oscar, também comentou o Globo de Ouro e o prêmio do Sindicato dos Atores dos EUA.

Não há como resumir os feitos de Rubens Ewald Filho em poucas linhas, mas, de certo modo, uma expressão é suficiente para sintetizar toda a sua trajetória: paixão pelo cinema.

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