Morre a atriz e diretora Norma Bengell

Morre a atriz e diretora Norma Bengell

A atriz e diretora Norma Aparecida Almeida Pinto Guimarães D’Áurea Bengell, ou como era mais conhecida, Norma Bengell, faleceu por volta das 3h da madrugada desta quarta-feira, 08/10/2013 aos 78 anos, na unidade Bambina do Hospital Rio Laranjeiras.

Ainda não há informações sobre o velório e enterro do corpo da atriz, que foi diagnosticada há cerca de seis meses de câncer no pulmão direito, e estava no Centro de Tratamento Intensivo do hospital.

Norma Bengell nasceu no Rio de Janeiro, cidade onde começou a se apresentar como vedete do teatro de revista aos 16 anos. Por causa de sua beleza e talento, Norma também  chegou a ser lançada como cantora e gravou versões de “A Lua de Mel na Lua” e “E Se Tens Coração”.

O primeiro LP, “OOOOO! Norma” viria em 1959, no mesmo ano de sua estreia no cinema, com a comédia “O Homem de Sputinik”, em que interpretava um símbolo sexual, em uma clara analogia com a atriz Brigitte Bardot.

O sucesso na tela grande foi tanta que a carreira de Norma de voltou quase que totalmente para a sétima arte. Em 1961, estrelou o filme “O Pagador de Promessas”, de Anselmo Duarte, vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes.

A atriz entrou para a história ao protagonizar a primeira cena de nu frontal do cinema brasileiro. Ela tinha 26 anos. A cena, um avanço para a época, fez parte do filme “Os Cafajestes”, de 1962, dirigido por Ruy Guerra.

A exposição internacional, e a repercussão de “Os Cafajestes”, a levou a trabalhar no cinema europeu. Chegou a conhecer e a namorar o ator francês Alain Delon, segundo a própria atriz. Fez filmes na Argentina (“Sócio de Alcova”) e na Itália (“Mafioso”, de 1962, e “Os Cruéis”, de 1967).

Com o sucesso, engatou quase um filme por ano, participando de produções que marcaram a história do cinema nacional, como “A Casa Assassinada” (1971), de Paulo Cesar Saraceni;  “A Idade da Terra” (1980) , de Glauber Rocha e “Rio Babilônia” (1982), de Neville de Almeida. Em “Noite Vazia” (1964), de Walter Hugo Khouri, em que interpretava uma prostituta ao lado de Odeta Lara.

Estreou como diretora em “Eternamente Pagu” e, ainda atrás das câmeras, adaptou um clássico da literatura brasileira para o cinema, “O Guarani”, de José de Alencar, lançado em 1997. Em 2005, lançava “Infinitamente Guiomar Novaes”, um documentário sobre a pianista, morta em 1979, e a música brasileira. Ela voltaria ao tema em “Magda Tagliaferro – O mundo dentro de um piano”.

No teatro, subiu aos palcos em 1968, sob a direção do então estreante Emilio Di Biasi em “Cordélia Brasil”, primeiro texto do escritor e dramaturgo Antônio Bivar. Em 1976, faz “Vestido de Noiva”, de Nelson Rodrigues. A atriz retornaria ao texto clássico, em 2008, com a Cia. Os Satyros, sob a direção de Rodolfo García Vázquez.

Em 2007, em sua volta aos palcos, após 20 anos distante do palco, teve uma crise de stress que a fez abandonar a apresentação de “O relato íntimo de Madame Shakespeare”. Na época, Norma passava por um processo judicial, onde era acusada de desviar verbas na captação de recursos para os filmes “O Guarani” e “Norma”, projeto que nunca foi concluído.

Na televisão, apresentou e participou de alguns programas da TV Tupi e na TV Rio, como “Noite de Gala”. Reapareceria apenas em 2008, com a personagem Dayse Coturno, no humorístico “Toma Lá, Dá Cá”, da TV Globo.

Em 2010, uma foto sua em uma das passeatas históricas da década de 1960, durante o processo de ditadura militar, foi utilizada indevidamente pela então candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, causando a acusação e uso indevido de imagem e associação da atriz. Na época, Norma desmentiu qualquer mal estar e manifestou apoio à candidata.

Seu último trabalho foi no teatro, no mesmo ano, quando protagonizou a montagem de “Dias Felizes”, de Samuel Beckett, com a direção de Emílio Di Biasi. No palco, sua vida se fundiu à história de Beckett e trechos preciosos de sua trajetória eram exibidos ao fundo.

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