Uma coisa tão pequena quanto um Lego causou estardalhaço na mídia internacional, ganhando destaque nas principais publicações do mundo todo.
Sua foto ganhou curtida e saudações no Twitter do Comitê Paralímpico Internacional. Mas qual o motivo disto tudo, já que milhares de fotos de bonequinhos Lego são publicadas todos os dias.
A dinamarquesa Lego, maior e mais famosa fabricante de peças de montar do planeta, lançou, após 84 anos, o primeiro personagem cadeirante da história da empresa.
O lançamento não ocorreu por acaso.
Em 2015 houve forte pressão do movimento #ToyLikeMe (Brinquedo Como Eu), liderado pela jornalista e ativista britânica Rebecca Atkinson, pela inclusão de personagens com deficiência nos produtos fabricados pela indústria de brinquedos.
Em petição no site Change.org, mais de 20 mil pessoas apoiaram a campanha.
“Estamos com lágrimas nos olhos agora”, escreveu Rebecca nas redes sociais, comemorando o lançamento da Lego na feira internacional de brinquedos realizada em Nuremberg, na Alemanha, no início deste mês.
A Lego foi pega de surpresa pela repercussão do bonequinho em cadeira de rodas. O jovem personagem, acompanhado de um cão, que faz parte do kit “Fun in the Park” (Diversão no Parque), não era para ser um lançamento especial da Lego.
Segundo artigo publicado por Rebecca Atkinson, no The Guardian, não havia fotos para a imprensa e a assessoria da companhia só soube informar que o produto estaria à venda nas lojas da Europa e Estados Unidos a partir de junho. De acordo com a BBC Brasil, em nosso país, a novidade chegará às prateleiras em novembro de 2016.
A Lego afirma que já era possível montar personagens em cadeiras de rodas, mas deixava isso livre para a imaginação das crianças.
Para a ativista, apesar de sua pequena estatura, o personagem com capuz sobre a cadeira de rodas representa “uma mudança brutal na indústria de brinquedos”.
Quase 150 milhões de crianças no mundo todo tem algum tipo de deficiência. Infelizmente, elas não se veem representadas nos brinquedos com que brincam. Isto é extremamente prejudicial para a autoestima destas crianças, que se sentem invisíveis perante a sociedade e os amigos.
A jornalista Rebecca Atkinson cresceu usando aparelho auditivo, nunca se viu representada no mundo em que vivia. Não há crianças surdas nas histórias em quadrinhos, bonecas ou comerciais de TV, e quando se tornou mãe, notou que a indústria de brinquedos continuava ignorando as crianças deficientes. Decidiu, então, se juntar a um grupo de mulheres, mães cujos filhos sofrem com algum tipo de deficiência, e criar o #ToyLikeMe.
O movimento, que tem como base uma página no Facebook (https://www.facebook.com/toylikeme) com mais 32 mil seguidores, começou a divulgar imagens de brinquedos customizados, tudo feito em casa. Bonecas com aparelhos auditivos e bengalas, princesas em cadeiras de rodas.
Agora a iniciativa comemora sua primeira grande vitória com o lançamento da Lego.