Dramaturga Consuelo de Castro morre aos 70 anos

Dramaturga Consuelo de Castro morre aos 70 anos

Consuelo de Castro, dramaturga que criou “À Flor da Pele”, morreu aos 70 anos em São Paulo, na madrugada de quinta-feira, 30/06/2016

 

Consuelo, uma das mais premiadas autoras do teatro no país,  sofria há seis anos com um câncer de mama que se espalhou por outros órgãos.

A dramaturga estudou Ciências Sociais na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP,  participndo do movimento estudantil nos anos 1960, que inspirou “Prova de Fogo”, seu primeiro texto, de 1968, e que foi censurado pela ditadura.

“À Flor da Pele”, sua segunda peça, foi a primeira a ser encenada, com uma narrativa focada no embate ideológico e amoroso entre um intelectual de esquerda e uma estudante de teatro. Recebeu o Prêmio da Associação Paulista de Críticos Teatrais (APCT) por esta obra.

Em 1975, com a peça “Caminho de Volta”, ela voltou a ganhar o prêmio da APCT e também levou o prêmio Molière, um dos principais do teatro. O texto foi levado ao palco por por Fernando Peixoto.

Consuelo deixa dois filhos, a fotógrafa Ana Carolina Lopes e o jornalista Pedro Venceslau.

Venceslau chamou a mãe de “a pessoa mais brilhante conhecemos”, em sua página pessoal no Facebook. Ele publicou uma foto da premiação de 1975.

“Por sua história de luta na dramaturgia brasileira, escolhemos essa foto para registrar a despedida: a entrega do prêmio Molière, o Oscar do teatro, em 1975. Ela é essa de branco (grávida de oito meses). Ao lado estão Milton Gonçalves, Beth Faria, Paulo Goulart, Nicete Bruno.”

Consuelo de Castro Lopes, ou apenas Consuelo de Castro, nasceu na cidade mineira de Araguari, no dia 16 de janeiro de 1946. Em São Paulo, onde passa a morar, estuda Ciências Sociais na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH/USP). Como autora de teatro, aparece em plena ebulição política de 1968, quando é conhecido seu primeiro texto, “Prova de Fogo”, em que retrata sua militância no movimento estudantil. José Celso Martinez Corrêa tenta montar a peça no Teatro Oficina, mas a Censura proíbe a montagem, que só será encenada em 1993, com direção de Aimar Labaki.

Seu segundo texto, “À Flor da Pele”, é encenado em 1969, com Miriam Mehler e Perry Salles, dirigido por Flávio Rangel. A peça apresenta o confronto entre uma jovem atriz e seu professor envolvidos num caso de amor tumultuado. Posteriormente, ganha várias montagens em todo o Brasil, recebendo o Prêmio da Associação Paulista de Críticos Teatrais, APCT.

Em 1974, Fernando Peixoto dirige “Caminho de Volta”, que lhe rende os Prêmios Molière, APCT, Governador do Estado para melhor autor. Enquanto nesse texto seu universo é a Publicidade, meio em que trabalhou na década de 70, “O Porco Ensangüentado”, montado em 1975, o assunto são as mulheres de alta classe média que se envolvem com macumba. A montagem, no Rio de Janeiro, com direção de Carlos Murtinho, no entanto, não chega a ter o mesmo sucesso dos textos anteriores.

“A Cidade Impossível de Pedro Santana”, sobre um arquiteto que sonha com um urbanismo popular, foi escrita em 1975 e venceu o Concurso de Dramaturgia do SNT, mas não chegou a ser montada. Só em 1978 um texto inédito chega à cena: “O Grande Amor de Nossas Vidas”, montada, em São Paulo, por Gianni Ratto, e no Rio de Janeiro, em 1980.

Nos anos 80, escreve “A Corrente para Frente” (1981), “Louco Circo do Desejo” (1985), “Script-Tease” (1985), que só será encenada em 2008 por Direção de Juliana Souto, “Ao Sol do Novo Mundo” (1986), “Uma Caixa de Outras Coisas” (1987), “Aviso Prévio” (1987), “O Kotô” (1988) e “Marcha a Ré” (1989), uma versão pessoal do mito de Orfeu e Eurídice.

Quase dez anos depois, um novo texto inédito, “Memórias do Mar Aberto: Medéia Conta Sua História”, em 1997, ganha uma leitura dramática dirigida pela própria autora, e só chega aos palcos em 2004, com direção de Regina Galdino. Nos anos 90, escreve especiais para a TV e ministra cursos de dramaturgia no Brasil e em Cuba e termina a década com o texto Making Off (1999), que não chega a ser montado.

Em 2001, José Renato dirige o romântico texto inédito “Only You”, com Celso Frateschi e Rose Abdallah. Em 2003, “Only You” estréia no Rio de Janeiro, com direção de Bibi Ferreira e Adriana Esteves protagonizando. Em 2005, um novo texto, “Mel de Pedra”, é encenado no Rio de Janeiro, por Marcus Faustini.

Em 2006, escreve para o SBT episódios do seriado “Minha Vida é uma Novela”. E entre 2009 e 2010, participa da equipe de roteiristas de Marcílio Moraes, na novela “Ribeirão do Tempo”, da Record.

 

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