Morreu nesta quinta-feira, 02/05/2019, o diretor de teatro José Alves Antunes Filho, considerado pela crítica especializada e por diversos artistas como um dos principais nomes do teatro brasileiro.
Antunes nasceu em São Paulo, em 12 de dezembro de 1929, no tradicional bairro do Bixiga, e tinha 89 anos. A causa da morte ainda não foi divulgada. Segundo amigos do diretor, ele foi internado no início desta semana, com problemas respiratórios.
Vários atores e artistas passaram pela supervisão de Antunes. Ele influenciou Luís Melo, Giulia Gam, Alessandra Negrini, Camila Morgado, Renata Jesion, Ondina Clais Castilho, Laura Cardoso, Eva Wilma, Raul Cortez, Cacá Carvalho, Stênio Garcia, Denise Stoklos, Marco Braz, Samir Yazbek, Lee Taylor, Bete Coelho, Roberto Alvim, entre outros.
Na juventude, Antunes chegou a entrar na Faculdade de Direito da USP no Largo São Francisco, mas desistiu do curso para estudar artes dramáticas.
Antunes faz parte da primeira geração de encenadores brasileiros, dissidentes do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), onde começou como assistente de direção em 1952, tendo lá trabalhado com estrangeiros decisivos que influenciaram sua geração: Ziembinski, Adolfo Celi, Luciano Salce, Ruggero Jacobbi e Flaminio Bollini.
Estreia no teatro em 1953 com a peça Week-end, de Noel Coward. Em 1958, fundou a companhia Pequeno Teatro de Comédia e dirigiu o espetáculo “O Diário de Anne Frank”, ganhando prêmios da Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA) e da Associação Carioca de Críticos Teatrais (ACCT). Ficou na companhia até o início dos anos 60, quando voltou ao TBC. Sua busca pela perfeição e a disciplina dos atores dá a Antunes Filho a fama de diretor muito exigente.
Em meados dos anos 60, Antunes Filho encena sua primeira peça de Nelson Rodrigues, “A falecida”. Anos depois, monta “Bonitinha, mas ordinária”, e faz uma adaptação da “Vestido de Noiva” para uma série de teleteatro na TV Cultura.
Mas é com a sua versão de “Macunaíma”, em 1978, que sua carreira como diretor ganha o maior prestígio. Antunes Filho passa a conduzir o Grupo Macunaíma, que encena mais adaptações de textos de Nelson Rodrigues, além da consagrada versão de Romeu e Julieta com trilha sonora com música dos Beatles, em 1984.
Com o apoio do Sesc, criou Centro de Pesquisa Teatral (CPT), escola de formação e grupo permanente, que dirigiu até a sua morte.