Há 100 anos, nascia um dos mais emblemáticos personagens do Cinema, Carlitos, o Vagabundo. Criado às pressas, o personagem surgiu nos bastidores do Keystone Studios, quando Charlie Chaplin se preparava para filmar Mabel’s Strange Predicament (Carlitos no Hotel).
Mas para o público, porém, sua primeira vez aconteceria em Kid Auto Races at Venice (Corridas de Automóveis para Meninos), filmado depois, mas lançado dois dias antes, em 7 de fevereiro de 1914.
Chaplin explicou em sua auto biografia a criação espontânea do personagem: “Não tinha ideia de que maquiagem usar. Não gostei do meu visual como repórter (em Carlitos Repórter,Making a Living, 1914, primeiro filme com Chaplin).
“Porém, no caminho para o figurino pensei em usar calças largas, sapatos grandes, uma bengala e um chapéu formal. Queria que tudo fosse uma contradição: as calças largas, o paletó justo, o chapéu pequeno e os sapatos grandes.” Disse Chaplin.
Ele não sabia se devia parecer velho ou jovem, mas lembrando que o produtor Mack Sennett esperava que Chaplin fosse um homem bem mais velho, adicionou um pequeno bigode que, daria maturidade sem limitar sua expressão. Não tinha ideia de como seria o personagem. Mas no momento em que vestiu as roupas e a maquiagem encontrou logo o personagem.
“Comecei a conhecê-lo e no momento em que entrei no set ele estava completamente formado”, completa o ator e diretor.
Depois de resistir por anos ao cinema falado, estrelando em inúmeros curtas e longas, Chaplin aposentou oficialmente O Vagabundo (ou Carlitos, como ficou conhecido no Brasil) em Tempos Modernos (1936). Alguns dos seus trejeitos foram mantidos no barbeiro de O Grande Ditador (1940), sempre refletindo os ideais sociais de seu criador, mas o personagem seguiu mesmo, ao lado de Paulette Goddard, por uma estrada infinita em direção ao horizonte.
Sir Charles Spencer Chaplin, mais conhecido como Charlie Chaplin (Londres,3 16 de abril de 1889 — Corsier-sur-Vevey1 , 25 de dezembro de 1977), foi um ator, diretor, produtor, humorista, empresário, escritor, comediante, dançarino, roteirista e músico britânico. Chaplin foi um dos atores mais famosos da era do cinema mudo, notabilizado pelo uso de mímica e da comédia pastelão. É bastante conhecido pelos seus filmes O Imigrante, O Garoto, Em Busca do Ouro (este considerado por ele seu melhor filme), O Circo, Luzes da Cidade, Tempos Modernos, O Grande Ditador, Luzes da Ribalta, Um Rei em Nova Iorque e A Condessa de Hong Kong.
Influenciado pelo trabalho dos antecessores – o comediante francês Max Linder, Georges Méliès, D. W. Griffith Luís e Auguste Lumière – e compartilhando o trabalho com Douglas Fairbanks e Mary Pickford, foi influenciado pela mímica, pantomima e o gênero pastelão e influenciou uma enorme equipe de comediantes e cineastas como Federico Fellini, Os Três Patetas, Peter Sellers, Milton Berle, Marcel Marceau, Jacques Tati, Rowan Atkinson, Johnny Depp, Michael Jackson, Harold Lloyd, Buster Keaton e outros diretores e comediantes. É considerado por alguns críticos o maior artista cinematográfico de todos os tempos, e um dos “pais do cinema”, junto com os Irmãos Lumière, Georges Méliès e D.W. Griffith.
Charlie Chaplin atuou, dirigiu, escreveu, produziu e financiou seus próprios filmes, sendo fortemente influenciado por um antecessor, o comediante francês Max Linder, a quem dedicou um de seus filmes. Sua carreira no ramo do entretenimento durou mais de 75 anos, desde suas primeiras atuações quando ainda era criança nos teatros do Reino Unido durante a Era Vitoriana quase até sua morte aos 88 anos de idade. Sua vida pública e privada abrangia adulação e controvérsia. Juntamente com Mary Pickford, Douglas Fairbanks e D. W. Griffith, Chaplin fundou a United Artists em 1919.
Seu principal e mais famoso personagem foi The Tramp, conhecido como Charlot na Europa e igualmente conhecido como Carlitos ou “O Vagabundo” no Brasil. Consiste em um andarilho pobretão que possui todas as maneiras refinadas e a dignidade de um cavalheiro (gentleman), usando um fraque preto esgarçado, calças e sapatos desgastados e mais largos que o seu número, um chapéu-coco ou cartola, uma bengala de bambu e – sua marca pessoal – um pequeno bigode-de-broxa.
Foi também um talentoso jogador de xadrez e chegou a enfrentar o campeão estadunidense Samuel Reshevsky.
Em 2008, em uma resenha do livro Chaplin: A Life, Martin Sieff escreve: “Chaplin não foi apenas ‘grande’, ele foi gigantesco. Em 1915, ele estourou um mundo dilacerado pela guerra trazendo o dom da comédia, risos e alívio enquanto ele próprio estava se dividindo ao meio pela Primeira Guerra Mundial. Durante os próximos 25 anos, através da Grande Depressão e da ascensão de Hitler, ele permaneceu no emprego. Ele foi maior do que qualquer um. É duvidoso que algum outro indivíduo tenha dado mais entretenimento, prazer e alívio para tantos seres humanos quando eles mais precisavam.”4
Por sua inigualável contribuição ao desenvolvimento da sétima arte, Chaplin é o mais homenageado cineasta de todos os tempos, sendo ainda em vida condecorado pelos governos britânico (Cavaleiro do Império Britânico) e francês (Légion d ‘Honneur), pela Universidade de Oxford (Doutor Honoris Causa) e pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos (Oscar especial pelo conjunto da obra, em 1972).
Primeira aparição nas telas de Carlitos: