Muitas vezes associado a um público “nerd”, o mercado geek é muito mais abrangente e aqui cabe falar em fãs de tecnologia, mas também de mangás, animes, quadrinhos, games, cultura k-pop, séries, ficção científica, rock, heavy metal e mais uma gama de nichos. Um ótimo motivo para apostar nesse tipo de negócio é, em especial, a fidelidade do público.
Investidores do mundo do entretenimento já detectaram esse potencial. Dois bons exemplos são a franquia Harry Potter que arrecadou mais de US$ 21 bilhões em todo o planeta; e os lançamentos da Marvel Studios que, apenas com filmes de super-heróis, já ultrapassaram a marca de US$ 30 bilhões.
De acordo com estimativas, o setor de licenciamentos no País chegou a R$ 20 bilhões. Dados da Associação de Cartunistas do Brasil (ACB) apontam que o mercado de quadrinhos mobiliza cerca de 20 milhões de leitores ao mês. Dentro desse universo, estão os jogos eletrônicos, consumidos por 73,4% dos brasileiros e que alcançaram US$ 123,3 bilhões mundialmente em 2020, segundo números da Game Brasil. Para chancelar esse número, uma análise realizada pela Rakuten Digital Commerce mostrou que os amantes do universo nerd costumam gastar 40% a mais do que a média nacional. Essa é uma prova que o setor é relevante para a economia.
O aquecimento desse negócio também pode ser sentido no mercado local. Em Fortaleza, acontece o maior evento do Norte/Nordeste e um dos maiores do País no segmento nerd e geek – o Sana, com 21 anos de continuidade e mais de 40 edições no portfólio, divididas entre especiais e principais, atrai um público expressivo em todas elas. O Sana já faz parte do calendário cultural do Ceará.
“Por força das circunstâncias, nós tivemos que suspender os eventos presenciais. Para aplacar um pouco da ansiedade do público, fizemos algumas edições on-line em 2020 e 2021 e voltamos com uma edição híbrida final do ano passado. Ao anunciar o evento presencial, percebemos o quanto o público estava saudoso. Por ser um evento longevo, hoje existem pessoas que foram quando eram adolescentes e agora levam seus filhos – isso também é reflexo da fidelidade do público desse tipo de produto/evento. A faixa etária é bem ampla, justamente porque esse universo nerd/geek engloba vários gostos e aptidões”, pontua Ricardo Busgaib, diretor e idealizador do Festival.
Em média, os eventos presenciais movimentam um público de xxx pessoas por dia que vão movidas pelas atrações, escolhidas justamente para agradar esse público em específico, mas lá há também estandes montados, onde são comercializados produtos mais diversos: canecas, camisetas, relíquias desse universo, quadrinhos, livros e os mais diversos suvenires que remetem aos geeks e nerds.
Ao longo dos anos 20 anos, mais de um milhão de pessoas passaram pelo Sana, que teve cerca de cinco mil colaboradores durante essa jornada, gerando em média 200 empregos diretos e 2 mil empregos indiretos por ano. Apenas nos últimos 10 anos, foi responsável pela geração de mais de 2 mil empregos diretos e 20 mil empregos indiretos. Cabe ressaltar que dentre os empregos, diretos ou indiretos gerados por este projeto, 50% são ocupados por minorias (mulheres, negros, indígenas e LGBTQIA+).
Para cada evento, é estimado entre venda de produtos, ingressos e negócios fechados, o Sana deve R$ 8 milhões na economia. Ou seja, apenas nos últimos 10 anos, com a realização de mais de 20 eventos, a recorrente movimentou na economia local mais de R$ 160 milhões.
“A cadeia produtiva é bem vasta, vai desde a montagem da estrutura, pessoas que trabalham no administrativo, credenciamento, segurança. Também tem os estandes de produtos e, por ser um evento que acontece durante todo o dia, faz-se necessário muitos quiosques com comida e água. Para o evento acontecer de fato, são meses de trabalho e uma grande equipe envolvida”, explica Busgaib.
O próximo Sana no formato totalmente presencial já tem data marcada: acontecerá nos dias 09 e 10 de abril, no Centro de Eventos, com o oportuno nome de Sana Reencontro e, refletindo mais uma vez a fidelidade do público, segue sendo um sucesso de bilheteria. Mas, a organização avisa: outros eventos acontecerão ainda esse ano. O público está ansioso e ávido por esse tipo de conteúdo. O mercado e a cadeia produtiva agradecem.