Com ingressos esgotados, primeiro dia da CCXP19 reuniu fãs em busca das novidades da cultura pop

Margot Robbie, de Aves de Rapina, foi o grande nome de Hollywood nesta quinta-feira, 5. Junto com o elenco do filme, encontro totalmente feminino no auditório Cinemark XD deixou fãs alvoroçados

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A abertura de portas da CCXP19 foi um momento de grande expectativa dos fãs que compareceram em peso e lotaram o maior festival de cultura pop do mundo. Os ingressos esgotados já reforçavam a espera do público pela sexta edição do evento e a fila do lado de fora dos portões deram o tom do que a organização do evento pode aguardar para estes dias de muita festa… contagem regressiva, cosplayers e uma corrida para garantir os melhores lugares nos auditórios e acessos aos espaços que permaneceram lotados durante todo o dia.

Entre painéis, exibições de filmes, experiências sensoriais, sessões de fotos e autógrafos, performances, campeonatos de games e muito mais, algumas pessoas se destacavam. O casal de namorados Tais Lisboa, 23, e Kaique Monteiro, 18, ambos de São Paulo, veio fantasiado de Arlequina e Joker. “Vim pela exposição dos 80 anos do Batman e gostaria de acompanhar um dos painéis. Mas também temos a expectativa de encontrar as celebridades”, disse Tais. Já a aposentada Denise Duarte, 52, acompanha a CCXP há três anos e revela que a emoção de estar no evento é indescritível. “Virei aos quatro dias e em dois virei de cosplayer, a secretária da Mulher Maravilha e a Professora Sprout, de Harry Potter”, afirma lembrando que esta edição já superou suas expectativas por trazer artistas que estão no elenco de Star Wars.

O festival reúne diversas áreas do universo da cultura pop. Uma delas é a oportunidade de artistas exporem seus trabalhos para o público apaixonado pelo mundo dos games, filmes de super-heróis e quadrinhos no Artists’ Alley. Cainã Fontes, 24 anos, é ilustrador e designer e está pela primeira vez se aventurando no espaço. Trouxe, entre outros trabalhos, um quadrinho feito por sua amiga Amanda Martinelli e ilustrado por ele. Fontes contou que já participou de outras edições e já no primeiro dia o evento teve suas expectativas superadas. “Só de estar na CCXP já é um grande passo para a carreira de todos os artistas que estão aqui”, comentou. Hayu Marca, quadrinho feito por ele e sua amiga, é protagonizado por uma personagem transexual. O projeto visa doar metade do valor arrecadado no festival para a Casa Sem Preconceitos, localizada em Campinas, que dá apoio e auxílio à comunidade transexual.

Palco Creators dá espaço às vozes da internet

Com muita interação, o humorista Rafa Cortes e a youtuber do canal Depois das Onze, Gabi Fernandes, fizeram a abertura do palco Creators by Trigg. Os apresentadores anunciaram um show de ilusionismo com Henry Vargas e Klaus Duraes, que transformam as representações do clássico Houdini em brincadeiras com o público. “Aqui na CCXP todos os mundos se encontram. Se pudesse escolher, em qual estaria?”, questiona Klaus. O ilusionista chamou uma das participantes para abrir uma caixa com as respostas dentro. A estudante Isabella Dutra, de Minas Gerais, foi a escolhida. A jovem de 18 anos achou tudo impressionante. “Eu esperava algo diferente e eles conseguiram superar todas as minhas expectativas. Fiquei muito nervosa no palco, mas estou amando tudo”.

Esta é a segunda vez que a CCXP organiza o Creators Stage. A ideia é gerar espaço para conteúdos espontâneos de influenciadores e personalidades televisivas. “Neste ano, trouxemos mais conteúdo de bandas que também estão no meio digital e de influenciadores”, explica Roberto Fabri, curador do espaço. Outro destaque foi a acessibilidade. O palco contou com um intérprete para traduzir todo o conteúdo para libras. Predominantemente tomado por youtubers e figuras da internet, o palco usou o lançamento do clipe Feelings, do feat Zeeba, Le Bid e Pontifexx, para debater como as redes impactam a vida do jovem, a conexão entre o real e o virtual. “A letra de feelings, que tem um contexto de amor e boas vibrações, norteou todo o clipe”, comenta Le Dib sobre a produção. O DJ Pontifexx conta que as gravações foram ao encontro da letra, pois eles literalmente se desligaram do universo virtual para se sincronizarem. “Para estar com seus amigos e sua família, você precisa estar presente. É impressionante como as redes sociais te distraem do que é real. No clipe tivemos a oportunidade de ver como estes momentos são necessários”, comenta Pontifexx.

Não foram só figuras da internet que marcaram presença no palco Creators. O ator Duda Nagle mediou um bate-papo com dois dublês famosos: Bobby Holand Hanton – Thor, Capitão América e 007 – e Renan Medeiros, que fez o filme brasileiro Aldo. “Queremos trazer esta cultura da ação do cinema e promover mais dublês no Brasil”, conta Nagle. Durante o papo, eles explicaram, no entanto, que o grande desafio é tornar a profissão segura mesmo nas cenas mais intensas.

Uma das atrações mais esperadas da noite e que animou o público, foi a presença dos irmãos Castro, do famoso canal do YouTube Castro Brothers. Com a ajuda da plateia, o elenco improvisou a apresentação com palavras aleatórias e fizeram inúmeros trocadilhos reproduzindo o quadro de maior sucesso do canal e quem risse primeiro perdia o jogo. Para fechar a primeira noite, a banda Far From Alaska deu um show de rock n’ roll com seu repertório mais aclamado.

Quadrinhos, técnicas de desenho e homenagens marcam o Auditório Prime

O Auditório Prime, terceiro maior da CCXP19, recebeu o quadrinista gaúcho Rafael Albuquerque, desenhista exclusivo da DC Comics, para uma masterclass da técnica aguada, parecida com a aquarela, mas à base de água. O artista mostrou como desenhar o Batman, um dos personagens mais icônicos dos quadrinhos. Em seguida, foi a vez de Laerte e Rafael Coutinho, dois dos mais respeitados artistas do país, subirem ao palco para conversar sobre a relação dos quadrinhos com a política. Num bate-papo descontraído, eles responderam perguntas sobre o papel do humor enquanto formador de opinião, como os memes falam sobre política e a participação das redes sociais no processo de inclusão. Depois de mais de uma hora de troca de ideias com a plateia, Laerte e Rafael deixaram o auditório aplaudidos de pé.

André Dahmer, um dos principais desenhistas do país e criador da tirinha Malvados, teve uma conversa cheia de humor com o público sobre como a internet está interferindo na sociedade. Depois, o músico Chorão foi homenageado em um dos momentos mais esperados, no bate-papo com João Gordo, Sarah Oliveira, Hugo Prata e Felipe Novaes sobre o filme “Chorão – Marginal Alado”. Eles contaram histórias do eterno vocalista da banda Charlie Brown Jr. e falaram sobre as emoções que sentiram durante as gravações.

Andreza Delgado, Leo Hwan, Jefferson Costa e Debs fecharam o dia no Auditório Prime conversando com o público sobre a representatividade em toda cultura pop. Os convidados falaram e responderam perguntas sobre preconceito contra negros, asiáticos e mulheres no universo geek. Isabela, de 25 anos, formada em Relações Públicas, foi até o painel porque se sentiu representada. “Eu como mulher, fã de cultura pop e bissexual, senti total sinergia com o tema. É muito importante falarmos disso, porque não é algo muito pautado na cultura pop.”

Campeonatos universitários animam a Oi Game Arena na CCXP

Nesta quinta-feira, na Oi Game Arena, numa disputa individual, universitários da AAA Vulcano e da INSPER MadFox se enfrentaram em busca do título de campões do Clash Royale no TUES (Torneio Universitário de E-sports). O representante da AAA Vulcano, Randall, e o da INSPER MadFox, Hindenburg, fizeram um belíssimo confronto. Com uma disputa acirrada do começo ao fim, Randall se sagrou bicampeão de Clash Royale no TUES, por 2×1.

Já as disputas entre equipes começaram com o embate entre TECMACK – Universidade Presbiteriana Mackenzie e a Universidade Positivo CAPYBARAS. Com seis representantes em cada time, alguns jogadores comentaram um pouco de sua experiência de jogar dentro da CCXP. Isabela Burrato, “Isinha”, como é conhecida a atleta do time da CAPYBARAS, relatou sobre o sentimento de estar competindo no evento. “Dá um friozinho na barriga pela quantidade de gente assistindo e o tamanho do palco. É uma experiência surreal”.

Na competição, o TECMACK derrotou o CAPYBARAS por 7×5 e 7×1 e se sagrou campeão do Rainbow Six Siege no TUES. Apesar da derrota, Eduardo Felisberto, o “Yuriza1” da CAPYBARAS, também falou sobre a chance de competir na CCXP19. “É uma oportunidade incrível. Muito bacana a iniciativa da CCXP de trazer a universidade aqui para dentro. Para nós, vira o melhor evento do ano”, comentou o atleta.

Na última competição da noite, League of Legends, o Falkol Storm, da UFABC, derrotou por 2×1 o DAEG Mackenzie e sagrou-se tricampeão da CCXP e hexacampeão da TUES.

Trajetória e novidades no Auditório Ultra

O auditório Ultra recebeu os quadrinistas do Stout Club que falaram sobre a trajetória do selo e a importância da HQ Mondo Estranho para eles. Entre os próximos projetos do grupo está uma parceria com a plataforma de streaming ComiXology para a produção de quatro títulos 100% feitos por brasileiros. Trabalhando com grandes nomes do cenário mundial como Grant Morrison e Mark Millar, o segundo a subir no palco foi Frank Quitely. Ele revisitou suas principais obras e comentou sobre a oportunidade de desenhar personagens da DC Comics. O artista ainda falou sobre sua nova série na Netflix, Jupiter’s Legacy.

Para fechar o dia, a dona das estátuas e colecionáveis mais cobiçadas da CCXP, a Iron Studios mostrou dioramas e comentou o processo de criação de peças que envolvem personagens da Marvel, Thundercats e Harry Potter. Em uma votação com o público para escolher qual será o colecionável produzido pela Iron Studios para a próxima edição da CCXP, os argumentos de um menino de nove anos definiram que Killer Croc, o Crocodilo inimigo do universo Batman da DC Comics, será o personagem trabalhado. A empresa apresentou ainda projetos envolvendo Mortal Kombat, God of War e Stan Lee.

Auditório Cinemark XD é um dos espaços mais disputados

As duas primeiras pessoas da fila para o auditório Cinemark XD, o mais concorrido do festival, estavam empolgadas. Amanda dos Santos Aragão, 23, estagiária de Letras, planejava passar o dia inteiro dentro do espaço para não perder seu lugar nos painéis do dia. Thais Oliveira Matos, 23, publicitária, contou que elas chegaram às 9h nos portões da CCXP. Foram direto para a fila do auditório. As duas esperavam ver o painel da Warner, programado para as 20h, com as estrelas do novo filme Aves de Rapina, entre elas a vencedora do Oscar de melhor atriz, Margot Robbie.

A abertura do auditório Cinemark aconteceu de modo especial com a presença de Cao Hamburger falando sobre os 25 anos do Castelo Rá-Tim-Bum. Cao contou que foram produzidos dois programas antes de chegar ao formato final apresentado. Na época da estreia, houve a procura por canais internacionais querendo comprar os direitos globais da história criada, porém não houve negociação. Marcelo Forlani conduziu o painel resgatando vários momentos marcantes do programa, que faz parte da cultura pop nacional. O momento mais emocionante foi o clipe da música do banho, cantada pelo ratinho de stop-motion e acompanhada por todos os presentes.

Em um segundo momento, André Marques foi chamado para trocar de lugar com Forlani e apresentar o novo projeto de Cao Hamburger, a série A5 five – spin-off da temporada de 2017 de Malhação Viva as Diferenças, que estreará pela plataforma de streaming Globoplay. As protagonistas se juntaram aos dois no palco para explicar as diferenças entre os formatos de série e novela. A nova história se passa com um salto de seis anos na história original e já conta com 12 episódios gravados, com estreia para 2020 e uma segunda temporada já confirmada.

Os painéis Rei Leão: Dando Vida à Savana e Homem-Aranha: Desbravando o Aranhaverso trouxeram os incríveis Julien Bolbach e Pav Grochola, respectivamente, para falar sobre os efeitos visuais para a criação dessas duas superproduções. Bolbach, especialista em efeitos especiais disse que O Rei Leão só foi possível depois de aprimorarem várias técnicas de Mogli. Já Grochola, supervisor da divisão de animações da Sony, se orgulha das novas técnicas desenvolvidas para o Aranhaverso e pede que os fãs continuem apoiando iniciativas inovadoras.

Os painéis mostraram várias etapas da animação dos personagens, do cenário, bem como várias técnicas que foram criadas ao longo do processo, para a finalização dos filmes.

Takashi Shimizu, diretor que fez história nos filmes de terror com O Grito, participou de um painel de arrepiar. Shimizu dirigiu as versões originais japonesas do filme Ju-On (1 e 2), e contou que foi uma surpresa quando os produtores americanos o chamaram para dirigir a versão que fez sucesso mundial em 2004, ficando em primeiro lugar por duas semanas nos EUA. O diretor, que veio pela primeira vez ao Brasil, compartilhou, entre risadas, um fato pessoal curioso. Ele não consegue ver sangue e passa mal até ao fazer exames. Quando perguntado sobre como é seu processo criativo, Shimizu explicou que usa muito de seus medos de criança para se inspirar. Explicou que foi uma criança muito medrosa e começou a usar, em seus filmes, todas os pensamentos que o assustavam no seu imaginário.

O painel da Riot Games trouxe muitas novidades para os fãs de League of Legends. Depois de celebrar uma década do famoso jogo multiplayer, a empresa desenvolveu uma nova vertente chamada Riot Forge que, em parceria com vários produtores, está criando novos modos de jogar e explorar a aventura. O foco agora é lançar mais jogos single player e aumentar o storytelling para várias plataformas e contar a sequência da história, após todos esses anos.

Um dos painéis mais esperados desta quinta-feira foi o Batman 80 anos. A abertura da Banda Leela contou com as músicas tema do personagem por toda a história, enquanto imagens dos filmes, séries e desenhos mais marcantes passavam na tela. Foi um início espetacular para um painel importantíssimo, já que o Homem-Morcego é justamente o homenageado desta edição do festival. Neal Adams tomou conta da narrativa, trazendo muito de sua experiência e brilhantismo para a conversa. Rafael Grampá, que está produzindo uma nova história do Batman junto com o gênio Frank Miller, faz parte da atual geração de quadrinistas brasileiros que estão ganhando o cenário internacional. Mikel Janín, conhecido pela controversa história onde Batman “se casa” com Mulher-Gato, tentou definir o famoso herói como uma pessoa comprometida com sua promessa. “O Batman não pode ser feliz e ser Batman ao mesmo tempo”, declarou. Frank Quitely garante que, mesmo depois de 80 anos, sempre haverá um jeito novo de interpretar a história do herói. “Batman é um personagem que sempre vai existir”, finalizou.

O painel mais animado da quinta-feira foi, sem dúvidas, o da Warner. Aves de Rapina juntou as protagonistas e a diretora em uma conversa animada com Marimoon. A primeira frase que Margot Robbie resumiu o painel inteiro: “You guys are insane!” ou “Vocês são insanos!”, já que a animação demonstrada por todos, mesmo no fim do dia, foi enorme. A gritaria atingiu altos níveis quando a cena de abertura e um teaser exclusivos foram apresentados para o auditório lotado. Com o discurso forte de empoderamento feminino, o filme estreia no começo de 2020 e promete muita ação com atuações marcantes.

 

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