O smartphone tem uma nova função: Alfabetizar. Através do Programa de Alfabetização na Língua Materna (Palma), desenvolvido pelo matemático José Luiz Poli, de 54 anos, direcionado a complementar a educação formal de jovens e adultos que não sabem ler e escrever, o celular propicia pela sua portabilidade e facilidade de acesso, basta apanhar no bolso, uma forma simples e prática de ensinar o B-abá.
O programa permite a alfabetização pela combinação de sons, letras e imagens nos aparelhos celulares. Desde abril, o Palma está sendo testado em um projeto-piloto junto às prefeituras municipais de Campinas, Itatiba e Pirassununga.
Segundo Poli, a ideia do programa surgiu depois da constatação de que a maioria das pessoas tem familiaridade com os celulares. “Analisando por muitos anos a alfabetização de jovens e adultos, visitando muitas classes de pessoas com mais de 15 anos, percebi a grande dificuldade delas em aprender a ler e escrever por causa da vida dura que levam. Percebi também que a maioria tinha ou sabia usar um aparelho celular muito bem. E se eles conseguiam utilizar os números para fazer e receber ligações, se eu desenvolvesse um método que combinasse letra com número, eles também poderiam aprender as letras e ser alfabetizados”.
Desenvolvido com a ajuda de doutores nas áreas de educação e tecnologia, o método é composto por um aplicativo para smartphones e por um sistema que controla o desempenho acadêmico. As lições sonorizadas complementam a alfabetização em cinco níveis: alfabeto, sílabas simples, sílabas complexas, vocabulário e interpretação de texto.
Cada estudante da turma-piloto recebeu um aparelho, por onde acessa diariamente o programa. Durante 30 minutos da aula, a professora permite que os alunos liguem o aparelho e façam os exercícios. O celular é levado para casa ou para o trabalho para refazer as atividades tantas vezes quanto se desejar. O desempenho é medido individualmente ao final de cada atividade por meio de um sistema de monitoramento instantâneo, via mensagem SMS.
Os dez alunos da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Clotilde Barraquet von Zuben, no Jardim Florence 2, em Campinas, incluindo Lígia e Kosaske, aprovaram os resultados obtidos em três meses de uso do novo método. Ao final do ano, quando passarem por uma prova presencial com o uso do celular, e apresentarem bom desempenho, os alunos ganharão o aparelho.
O projeto-piloto deve ser ampliado para outras cidades do País. O Programa de Alfabetização na Língua Materna (Palma), iniciado em abril deste ano com 55 alunos de quatro escolas do Estado, será ampliado este semestre para mais duas escolas de Campinas, a Administração Regional, no Jardim Cristina, e a Escola Municipal de Educação Infantil Professor Jorge Leme. Com a ampliação, mais 30 alunos que fazem parte do programa de Educação de Jovens e Adultos serão incluídos no programa. Os motivos da ampliação são os bons resultados do projeto-piloto e o reconhecimento da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).