Este conto bizarro (no bom sentido) de um ataque aliado em uma torre na França ocupada pelos nazistas deixa um sabor delicioso por assistir algo diferente e fantástico no cinema.
A operação Neptune está em pleno fluxo da Normandia, e os EUA estão enviando em apoio aéreo uma equipe desajustada, liderada por um comandante grisalho, que tem a tarefa de destruir um transmissor de rádio localizado em um prédio fortificado atrás das linhas inimigas. Quando seu avião é abatido, numa belíssima sequência de abertura, no entanto, as tropas seguem para o edifício assustador, apenas para descobrir que, sob suas fundações, o Reich tem se ocupado acumulando um bizarro exército super humano de mutantes mortos-vivos.
Overlord parece um filme de terror comum, mas na realidade, é muito mais difícil classificar o filme. Ele transita em vários gêneros, hora sendo drama, hora terror, hora sci-fi e hora filme de terror. Evidentemente, os personagens são clichês, mas esses arquétipos simples são perdoáveis, especialmente o antagonista, gloriosamente datado, interpretado pelo ator de Game of Thrones, Pilou Asbæk. Ele parece o Caveira Vermelha, vilão do Capitão América.
Aliás o roteiro poderia muito bem ter saído de alguma aventura da segunda guerra em que o herói poderia ter participado.
Enquanto isso, Mathilde Ollivier impressiona como uma aldeã durona que seria uma adição valiosa à Resistência Francesa. Ela representa bem as mulheres que se rebelaram contra o Reich, seja escondendo aliados, seja entrando em confronto direto.
A história também é muito mais artística e narrativa do que a premissa sugere, brincando com o conceito de monstruosidade e perguntando o que separa o bem do mal em tempos de guerra. E partindo da premissa que os nazistas faziam experimentação científica, o dota o filme de ares de verossimilhança. Claro que existem erros de roteiro, mas nada que atrapalhe o filme. Eu realmente me diverti no cinema.
E até que ponto cada lado está disposto a ir? Ou melhor, quem são os verdadeiros monstros aqui? Bem, Estes são questionamentos impensáveis para filmes deste gênero. Mas me peguei fazendo estes questionamentos durante o filme.
Esteja preparado para sangue, vísceras e mais sangue. Boas sequências e bons efeitos apesar do modesto orçamento de 38 milhões. Mas fizeram uma historia diferente e com uma bela escalação de atores pouco conhecidos, porém excelentes no papel.
É “Salvando o Soldado Ryan” misturado com “Extermínio” ( e toques do pesado videogame “Wolfenstein”) e é perfeito para todos aqueles que anseiam por um filme de terror diferenciado.
Uma das melhores películas que assisti no cinema este ano. Pena que está sendo pouco divulgado no Brasil.
Então corra aos cinemas antes que este saia de cartaz!
Texto da colunista Lorena Soeiro, nerd, professora e tradutora de língua inglesa, cosplayer, roqueira, leitora de ficção, apaixonada por séries e documentários, cinéfila. colecionadora e louca por Tim Burton.
@lorenasoeiro
https://www.youtube.com/watch?v=kBVGr4GKvPI