Diretor de cinema Jonathan Demme morre aos 73 anos

Diretor de cinema Jonathan Demme morre aos 73 anos

Jonathan Demme, diretor dos premiados “O silêncio dos inocentes” e “Filadélfia”, morreu nesta quarta-feira, 26/04/2017, em Nova York, aos 73 anos.

O cineasta sofria de um câncer no esôfago e complicações causadas por problemas cardíacos, tendo trstado o problema em 2010, se recuperando, mas voltou a piorar em 2015.
Demme estreou no cinema como roteirista do filme B “Angels hard as they come”, produzido por Roger Corman, em 1971. Estabeleceu-se como diretor nos anos 1970 e alcançou sucesso como documentarista a partir do sucesso de “Stop making sense”, filme que acompanha um show do Talking Heads.

Diretor atuante desde os anos 1970, quando estreou por trás das câmeras com o longa “Celas em chamas” (1974), Jonathan Demme atingiu o seu mais alto patamar de notoriedade com duas aclamadas obras: o suspense “O silêncio dos inocentes” (1991) e o drama “Filadélfia” (1993). Lançados num intervalo curto, os trabalhos, com histórias e tons completamente diferentes, deixaram clara a versatilidade do cineasta.

Estrelado por Anthony Hopkins e Jodie Foster, “O silêncio dos inocentes” contava a história de uma policial que busca ajuda num canibal encarcerado para tentar prender um outro criminoso. Ali, Demme construiu uma arrepiante atmosfera de suspense, enquanto Hannibal Lecter se tornaria um dos mais emblemáticos personagens do terror americano, com seu olhar macabro apontado diretamente para a câmera — uma marca do diretor. Seu hábito de criar closes fechados nos atores influenciou diretores como Paul Thomas Anderson, abertamente um grande fã de Demme. “O silêncio…” ganhou cinco Oscars, incluindo o de melhor diretor, o único de sua carreira.

Já “Filadélfia” retratou a luta de um homem com HIV (Tom Hanks) contra uma empresa que o demitiu por causa de sua condição. Sensível às questões acerca da doença, até então desconhecida por muita gente, Demme deixou explícito o seu objetivo de fazer com que as pessoas sem muita familiaridade com o HIV vissem o longa sobre um homem morrendo de Aids. Ele achava, inclusive, que Bruce Springsteen, cantor da música-tema do longa, ajudaria a chamar atenção para a questão. Demme dirigiu, ao lado de Ted Demme (seu sobrinho), o clipe da canção, “Streets of Philadelphia”.

A música, aliás, foi presente em sua carreira. Além de ter filmado com os Talking Heads, dirigiu videoclipes do New Order e realizou uma série de documentários com Neil Young. Em 2012, em Veneza, apresentou o “Enzo Avitabile: Music life”, sobre o multi-instrumentista folclórico italiano Enzo Avitabile. No ano passado, em Toronto, lançou “Justin Timberlake and the Tennessee Kids”, um documentário de turnê do pop star.

Recentemente, Demme dirigiu Meryl Streep na comédia “Ricki and the Flash” (2015), um filme sobre sonhos. Contava a história de uma instrumentista que retorna para a casa após ir atrás de seu desejo de se tornar uma estrela do rock.

Seus filmes eram uma vitrine para que atores pudessem mostrar seu talento. Além de Anthony Hopkins, Jodie Foster e Tom Hanks, outros cinco atores foram indicados ao Oscar por obras comandadas por Demme: Mary Steenburgen, Jason Robards, Christine Lahti, Dean Stockwell, e Anne Hathaway, esta última por “O casamento de Rachel” (2008).

Jonathan Demme nasceu em 22 de fevereiro de 1944, em Long Island (Nova York), como Robert Jonathan Demme. Ele deixa a esposa, a artista plástica Joanne Howard, e três filhos.

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